Publicado em 10 de fevereiro de 2025, Diário do Transporte – Além dos benefícios ambientais, a mobilidade inteligente traz vantagens econômicas e sociais
A transição para energias limpas é um pilar fundamental na transformação da mobilidade urbana e das cidadesinteligentes. Soluções como o etanol e os veículos elétricos estão ligadas à melhoria do transporte e à redução deemissões de carbono, criando ambientes mais sustentáveis.
No Brasil, a mobilidade urbana enfrenta desafios significativos. O crescimento populacional, o excesso de veículos e ainfraestrutura inadequada resultam em congestionamentos, poluição e transporte público ineficiente. As cidadesinteligentes oferecem soluções promissoras ao integrar tecnologia e inovação em suas estratégias dedesenvolvimento.
O transporte público sofre com superlotação, atrasos e falta de manutenção. Segundo a Associação Nacional deTransportes Públicos (ANTP), em 2022, os brasileiros gastaram, em média, 1h20min no trânsito diário, chegando a maisde duas horas em São Paulo. O uso excessivo de veículos particulares gera congestionamentos e um custo anual de R$267 bilhões, conforme o IPEA. A integração entre transporte público e soluções tecnológicas ainda é fragmentada,dificultando avanços significativos.
As cidades inteligentes propõem uma mobilidade integrada, combinando ônibus, metrô, bicicletas e carroscompartilhados por meio de plataformas digitais. Conceitos como Mobilidade como Serviço (MaaS) ganham destaque,integrando vários meios de transporte em um único serviço digital. No Brasil, essas tendências emergem nas grandescidades, mas carecem de incentivos e políticas públicas robustas.
O país, líder na produção de etanol, utiliza esse combustível como alternativa sustentável aos fósseis. Veículos híbridosmovidos a etanol são uma solução enquanto a infraestrutura de recarga de veículos elétricos se expande. Cidades como Campinas já instalaram estações de recarga, mas a cobertura ainda é insuficiente. Investimentos públicos eprivados e o uso de energia solar nessas estações podem trazer mais eficiência.
Uma inovação recente é a rodovia eletrificada de Detroit, nos EUA, equipada com bobinas magnéticas que carregamcarros elétricos em movimento. Embora o custo inicial seja alto, espera-se que os valores diminuam com a ampliaçãoda rede. Projetos assim podem inspirar soluções no Brasil, especialmente em corredores de transporte de altademanda, como o eixo São Paulo-Rio de Janeiro.
Outro avanço é a micromobilidade, como bicicletas elétricas e scooters. Em São Paulo e Rio de Janeiro, o uso debicicletas compartilhadas aumentou 32% em 2023, segundo a Tembici. No entanto, é necessário integrar melhor essesmeios com transporte público. Exemplos como o de Fortaleza, com sua rede integrada de ciclovias, mostram queiniciativas locais podem ser ampliadas.
Em 2023, a China inaugurou sua primeira linha de monotrilho suspenso em operação comercial: o Projeto Fase I doTrem Aéreo de Guanggu. Localizada no Corredor Ecológico de Wuhan Guanggu, a primeira fase tem 10,5 quilômetrosde extensão e seis estações. Operando em um modo não tripulado totalmente automático e alcançando umavelocidade máxima de 60 km/h, a solução demonstra como inovações podem transformar o transporte urbano,promovendo sustentabilidade e eficiência. No Brasil, projetos semelhantes poderiam ser explorados em grandescidades com infraestrutura saturada, como São Paulo, oferecendo opções para reduzir congestionamentos e melhorara qualidade de vida.
Além dos benefícios ambientais, a mobilidade inteligente traz vantagens econômicas e sociais. Um estudo da Deloitteaponta que a integração de serviços de mobilidade pode reduzir os custos de transporte em até 30% ao ano. Essassoluções também tornam o transporte mais acessível para idosos e pessoas com deficiência, promovendo a inclusãosocial. Contudo, sem políticas públicas claras, os avanços podem se limitar a áreas mais desenvolvidas.
Cidades como Singapura, Barcelona e Copenhague têm sido pioneiras em transporte inovador. Singapura utilizaprecificação de congestionamento para reduzir o tráfego em 20%. Em Barcelona, as superquadras reduziram o uso decarros em 42%. Copenhague, onde 62% da população usa bicicletas, promove transporte mais saudável e sustentável.Estocolmo avanza com ônibus elétricos e autônomos, reduzindo emissões em até 75%.
No horizonte, os carros voadores, como o eVTOL (aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical elétrica) da Eve, daEmbraer, prometem reorganizar o tráfego aéreo em grandes cidades. Testes estão previstos para 2025, com operaçõesem 2026, oferecendo uma solução futurista para a mobilidade urbana.
A transformação da mobilidade no Brasil é urgente. Iniciativas como carros elétricos, uso de etanol e o tremintercidades São Paulo-Campinas são passos importantes. O sucesso depende de planejamento robusto, investimentosem infraestrutura e colaboração entre governos, empresas e sociedade. Com compromisso adequado, o Brasil podeliderar a mobilidade inteligente na América Latina, melhorando a qualidade de vida e destacando-se na inovaçãoglobal.
Thomas Law – Advogado, Doutor em Direito Comercial pela PUC-SP, presidente do Instituto Sócio-CulturalBrasil China (Ibrachina) e do Instituto Brasileiro de Ciências Jurídicas (IBCJ) e fundador do Ibrawork, hub deOpen Innovation especializado em Smart Cites