Obra iniciada em 2012 e prometida para a Copa de 2014 ainda não foi entregue; Ferrofrente foi uma das vozes mais ativas e críticas a cobrar responsabilidade e transparência sobre o monotrilho
Por Redação Ferrofrente
Em outubro de 2025, a Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo completa 13 anos de promessas, paralisações e adiamentos. Planejada para ligar o Aeroporto de Congonhas à rede de trilhos da capital, a obra deveria ter sido entregue em 2014, às vésperas da Copa do Mundo. Hoje, mais de uma década depois, o governo estadual celebra “90% de conclusão” e promete inaugurar a linha apenas em 2026.
Entre discursos otimistas e uma sucessão de contratos rompidos, o que se impõe é o aniversário de um atraso histórico — símbolo da incapacidade de planejamento e da falta de responsabilidade com o dinheiro público e o tempo da população.
Uma história de idas, vindas e contratos desfeitos
O projeto do monotrilho começou com a promessa de revolucionar o transporte entre o aeroporto e o restante da cidade. No entanto, o que se viu foi um enredo de licitações canceladas, contratos rescindidos e disputas judiciais.
Em 2016, diante do abandono das obras, a Ferrofrente (Frente Nacional pela Volta das Ferrovias) ingressou na Justiça com um pedido de produção antecipada de provas, apontando o que chamou de “abandono da Linha 17-Ouro”.
Na ação, que está sob julgamento pela 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, a entidade pediu transparência sobre os motivos que paralisaram o projeto e propôs a criação de um fundo indenizatório para compensar a população pelo desperdício de recursos e pela ineficiência estatal.
“O que nós queremos é a verdade. Há muita desinformação sobre o assunto. O Metrô cancelou contratos e falta um trecho de 8 km até o aeroporto ser concluído”, declarou à época José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Ferrofrente.
Enquanto o Metrô atribuía o abandono às construtoras, os consórcios contratados — como Andrade Gutierrez e CR Almeida — afirmavam o contrário: que o próprio Metrô atrasava repasses e a entrega de projetos, tornando o andamento das obras inviável.
O impasse levou anos para ser resolvido, e a linha ficou paralisada, deteriorando-se ao longo da Avenida Washington Luís, em frente ao aeroporto, onde estruturas inacabadas foram tomadas por mato e até ocupações improvisadas.
Ferrofrente: luta pela continuidade e pelo direito à mobilidade
Durante esse período, a sociedade manteve-se inquieta e indignada com as promessas não cumpridas e a ameaça de tornar a Linha 17 um esqueleto urbano permanente. Como parte dessas vozes de indignação, a Ferrofrente agiu de forma firme, protagonista e pioneira.
Ao acionar o Ministério Público e o Judiciário, a entidade contribuiu para impedir o completo abandono da obra, garantindo que a linha permanecesse no planejamento da rede metroferroviária paulista.
Hoje, com o avanço anunciado pelo governo, essa luta ganha novo significado.
“Governos demoram para entregar obras, como o caso da Linha 17. Isso provoca um dano material e imaterial a toda a sociedade, porque perdem credibilidade — e o absurdo continua”, afirma José Manoel Ferreira Gonçalves.
Relembre a ação da Ferrofrente: Finalmente, Metrô rompe contrato e multa consórcio da Linha 17-Ouro
2025: governo celebra 90% de conclusão, mas custo já triplicou
Na última quarta-feira (8), o governador Tarcísio de Freitas vistoriou as obras, afirmando que a operação da linha começará de forma assistida em março de 2026. Segundo o governo, cinco trens fabricados pela BYD já estão em São Paulo e passam por testes.
Apesar do otimismo, o histórico da Linha 17 impõe cautela. O custo inicial, estimado em R$ 1 bilhão, já supera R$ 3,2 bilhões — e a extensão, antes prevista em 18 km, foi reduzida para pouco mais de 6,7 km e oito estações.
O trecho que liga Congonhas à Estação Morumbi (Linha 9-Esmeralda) é agora a prioridade, mas os problemas estruturais e ambientais seguem evidentes em diversos pontos.
O vídeo mais recente do canal iTechdrones mostra imagens aéreas das estações em acabamento e trechos onde a vegetação toma conta das construções. É um retrato do avanço — e dos danos — de um projeto que se arrastou por 13 anos.
Entre promessas e realidade: o que ficou no caminho
A Linha 17-Ouro simboliza um dos maiores atrasos da história da infraestrutura paulista. Mudanças políticas, falta de planejamento, falhas contratuais e sucessivas trocas de consórcios transformaram o que seria uma solução moderna em um caso de estudo sobre ineficiência e descontinuidade pública.
Para a Ferrofrente, a retomada atual é positiva, mas não apaga os erros do passado — e nem deve afastar a necessidade de auditoria e transparência sobre os custos, as responsabilidades e os prejuízos acumulados.
“O tempo não volta, mas as lições precisam ficar. Cada obra parada é uma ferida aberta na confiança da sociedade”, conclui José Manoel.
📍 Linha 17-Ouro – Atualizações Oficiais (2025)
- Extensão atual da linha: 6,7 km
- Número de estações: 8
- Número de trens entregues: 5
- Custo estimado da obra: R$ 3,2 bilhões
- Previsão de inauguração: março de 2026
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