Na manhã da última quinta-feira (12), um vídeo chocante registrou o desabamento parcial de uma estrutura no canteiro de obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, nas proximidades do poço de Ventilação e Saída de Emergência (VSE) Almirante Marques, na região central da cidade, perto da futura estação Bela Vista. A imagem mostra um imóvel com telhas de amianto desabando, mas não há indícios de demolição controlada. Não houve máquinas ou operários envolvidos na queda, indicando que o incidente não foi causado por uma demolição planejada.
A LinhaUni, consórcio responsável pelas obras e pela operação da Linha 6-Laranja, liderado pela Acciona, informou que o evento ocorreu durante a passagem da tuneladora sul pelo local. Segundo a concessionária, o solo no canteiro de obras sofreu um solapamento parcial, mas não houve feridos. A área já estava isolada por questões de segurança, conforme o protocolo de prevenção adotado para o local.
A LinhaUni afirmou que, apesar do incidente, o cronograma das obras não será afetado, pois tanto a tuneladora quanto o túnel não foram impactados. A empresa também garantiu que está monitorando a situação de perto e realizando os reparos necessários para estabilizar a área. A concessionária mantém comunicação contínua com a comunidade local e está tomando as medidas para minimizar qualquer impacto para moradores e comerciantes da região.
A Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI) também acompanhou o ocorrido, com a Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões (CMCP) monitorando o andamento das obras. A SPI, no entanto, não mencionou a aplicação de multas ou punições relacionadas ao incidente.
Este desabamento ocorre em um contexto de histórico de problemas nas obras da Linha 6-Laranja, que já enfrentaram vários desafios técnicos e geológicos. Entre os incidentes mais recentes, destacam-se afundamentos de solo, como os ocorridos em fevereiro de 2022, maio e junho de 2024, e em outras datas, quando a passagem da tuneladora causou danos significativos a imóveis e à infraestrutura local.
Apesar dos desafios enfrentados, as obras seguem em andamento, com as autoridades responsáveis afirmando que as medidas de segurança são constantemente revisadas para garantir a integridade das construções e a segurança dos trabalhadores e da população.
Mais detalhes do ocorrido, acesse matéria originalmente publicada na quinta-feira, 12 de dezembro de 2024, às 12h58, com exclusividade pelo Diário do Transporte
Paralelos entre os desafios da Linha 6-Laranja e a luta da Ferrofrente pela Linha 17-Ouro
Os recentes desabamentos ocorridos nas obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo refletem os desafios históricos enfrentados em grandes projetos de infraestrutura no Brasil. O incidente, causado por um solapamento parcial do solo, expôs mais uma vez a complexidade técnica e os riscos associados às obras subterrâneas. Ainda que a LinhaUni, concessionária responsável, tenha afirmado que o cronograma não será afetado, o episódio se soma a um histórico de problemas que prejudicam a confiança da população no progresso dessas obras.
Esse cenário guarda semelhanças importantes com o caso da Linha 17-Ouro do Monotrilho, que enfrenta um atraso de mais de uma década desde a promessa de entrega inicial, feita para 2014. A diferença, porém, está na postura adotada diante das adversidades. Enquanto as obras da Linha 6-Laranja seguem sob a responsabilidade da concessionária, a conclusão da Linha 17-Ouro só voltou a ter perspectiva graças à mobilização de entidades como a Ferrofrente e a intervenção judicial.
Relembre o processo https://ferrofrente.org/finalmente-metro-rompe-contrato-e-multa-consorcio-da-linha-17-ouro-de-monotrilho/
A Ferrofrente mostrou como a pressão organizada pode garantir avanços, mesmo diante de anos de descaso. Hoje, com previsão de conclusão para 2026, a Linha 17-Ouro está em fase final, apesar das inúmeras dificuldades que ainda precisam ser superadas, incluindo questões ambientais e estruturais.
Enquanto o governo e as concessionárias precisam assumir maior compromisso em garantir a segurança e os prazos nas obras em andamento, exemplos como o da Ferrofrente mostram que a mobilização pode ser um agente transformador para salvar projetos que correm o risco de serem negligenciados. A comparação entre esses dois casos reforça a mensagem de que o planejamento, a transparência e a participação social são indispensáveis para que grandes obras de transporte público atinjam seu propósito de melhorar a qualidade de vida da população.