*Por José Manoel Ferreira Gonçalves
Guarujá representado em evento oficial em Brasília
Nesta sexta-feira, 2 de maio, estava prevista uma coletiva de imprensa em Brasília com o Ministro dos Transportes, José Renan Vasconcelos Calheiros Filho, para anunciar novos investimentos em ferrovias [Assinatura da Portaria que estabelece a Política Pública de Prorrogação dos Contratos de Concessão de Ferrovias]. Para o evento, fui convidado na condição de Presidente da FerroFrente, um reconhecimento significativo ao trabalho da nossa instituição que há muitos anos luta pela revitalização do ferroviarismo no Brasil. Contudo, devido aos impactos do aquecimento global que provocaram inundações por temporais no Rio Grande do Sul, o presidente convocou o ministro para atender a essa emergência, o que resultou no adiamento da coletiva para uma data ainda a ser definida.
Enquanto isso, aproveito minha estadia em Brasília para tratar de assuntos prioritários relacionados ao ferroviarismo e às demandas específicas da Baixada Santista, em especial, do Guarujá. Estou visitando outros gabinetes e conversando com ministros amigos e diversas autoridades, buscando apoio e melhorias para nossa região. Embora o evento principal tenha sido adiado, este período em Brasília tem sido uma oportunidade valiosa para fortalecer laços e avançar em agendas importantes para o Guarujá e para o desenvolvimento ferroviário do país. Planejo retornar em data oportuna, continuando nosso compromisso com o progresso do transporte ferroviário e com o bem-estar dos cidadãos de Guarujá.
Porque sou entusiasta do atual governo
Durante os governos petistas, de 2002 a 2016, o Brasil experimentou um significativo avanço na sua infraestrutura ferroviária, um setor historicamente esquecido desde meados do século XX. Projetos ambiciosos foram lançados e parcialmente executados, refletindo um esforço político e econômico notável para alterar a dependência do transporte rodoviário, que domina o país desde a década de 1950.
A Expansão da Ferrovia Norte-Sul
Um dos projetos mais emblemáticos foi a expansão da Ferrovia Norte-Sul (FNS), iniciada ainda nos anos 80, mas que ganhou impulso decisivo nos anos 2000. Planejada para ser a espinha dorsal do transporte ferroviário no Brasil, a FNS estende-se por impressionantes 4.155 quilômetros. Sua conclusão parcial, especialmente o trecho entre Palmas e Anápolis inaugurado em 2014, simboliza um avanço considerável na integração nacional, facilitando o escoamento de cargas do norte ao sul do país.
A Conexão Leste-Oeste através da FIOL
Iniciada em 2010, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) é outro marco importante, estendendo-se por 1.527 quilômetros. Projetada para conectar o porto de Ilhéus, na Bahia, ao município de Figueirópolis, em Tocantins, a FIOL é vital para o escoamento de produtos agrícolas e minerais, oferecendo uma alternativa logística mais econômica e eficiente comparada ao transporte rodoviário.
Desafios e Progresso com a Transnordestina
A Ferrovia Transnordestina, iniciada em 2006, apesar de enfrentar desafios significativos e atrasos, foi pensada para se estender por 1.753 quilômetros, conectando o sertão do Piauí aos portos de Pecém e Suape. Seu objetivo é fortalecer economicamente o Nordeste, proporcionando um meio de transporte eficiente para as riquezas regionais como frutas, grãos e minerais.
FICO: Integrando o Centro-Oeste
Anunciada como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2010, a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) tem como proposta ligar Mara Rosa, em Goiás, a Vilhena, em Rondônia, com uma extensão de 1.641 quilômetros. Este projeto visa integrar ainda mais o agronegócio do Centro-Oeste ao restante do país e aos portos exportadores.
Investimentos e Impacto Econômico
Estes projetos não são apenas obras de infraestrutura, mas verdadeiros catalisadores de desenvolvimento econômico e social. Os investimentos, que alcançaram bilhões de reais, refletem a visão de um Brasil mais conectado e menos dependente de rodovias. Esta visão estratégica permitiu que regiões antes isoladas ganhassem acesso a mercados nacionais e internacionais, aumentando a competitividade brasileira.
O Futuro das Ferrovias Brasileiras
Olhando para o futuro, o governo brasileiro planeja continuar esse legado com um investimento robusto de entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões em ferrovias e rodovias até 2026. Para 2024, estão previstos projetos significativos que fazem parte desse esforço contínuo para melhorar a infraestrutura de transporte do país. Inclui-se aqui estudos para várias concessões de ferrovias como a Malha Oeste e o Corredor Arco-Norte, garantindo a continuação da expansão e modernização do sistema ferroviário brasileiro.
Legado e Perspectivas Futuras
Os governos petistas deixaram um legado de reativação e expansão ferroviária que moldou o transporte de cargas no Brasil. Com milhares de quilômetros de novas ferrovias, o país avançou na direção de uma logística mais eficiente e menos custosa. Apesar dos desafios e das críticas, não se pode negar que o período entre 2002 e 2016 foi marcante para o setor ferroviário, redefinindo o papel das ferrovias na matriz de transporte nacional e alavancando a integração econômica e territorial do Brasil. E este compromisso com a infraestrutura ferroviária continua a ser um pilar para o desenvolvimento atual e futuro do país.
*José Manoel Ferreira Gonçalves é jornalista, cientista político, engenheiro, escritor e advogado. Pré-candidado a Prefeito de Guarujá pelo PSOL. É presidente da Associação Guarujá Viva, AGUAVIVA, e da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, Ferrofrente. Idealizador do Portal SOS PLANETA.
Este artigo é baseado em dados históricos e projetos documentados envolvendo a expansão ferroviária no Brasil durante os governos do Partido dos Trabalhadores, refletindo sobre a importância estratégica dessas iniciativas para o desenvolvimento nacional.