Vozes da Ferrovia com Amauri Oliveira da Rocha

AMAURI OLIVEIRA DA ROCHA Pesquisador e Estudioso do setor metrô ferroviário brasileiro

Hoje, a Ferrofrente tem a honra de apresentar uma entrevista especial com Amauri Oliveira da Rocha, pesquisador apaixonado e referência no setor metro-ferroviário brasileiro.

Com ampla experiência e uma trajetória marcada pelo compromisso com a defesa e preservação das ferrovias, Amauri é uma voz fundamental na luta por um transporte ferroviário metropolitano mais eficiente e sustentável. Ele atua ativamente junto a deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), buscando avanços concretos para a mobilidade urbana e o fortalecimento das ferrovias no país.

Nesta conversa, Amauri também compartilha sua visão sobre projetos inovadores como o Expresso 07 Rubi e o Rola Rail, que prometem transformar o cenário ferroviário.

Acompanhe esse bate-papo imperdível em Vozes da Ferrovia!

1. Amauri, para começar, qual foi o momento que despertou em você a paixão pela preservação ferroviária?l

Amauri Oliveira: Desde a minha infância, com cerca de 6 ou 7 anos, quando tive a oportunidade de andar no trem BUD MAFERSA série 100. Essa experiência foi marcante para mim e me despertou um amor profundo pelo setor ferroviário. Foi ali que percebi o quanto as ferrovias têm um papel vital na história do Brasil.

2. Como você enxerga o papel das ferrovias metropolitanas na melhoria da mobilidade urbana e qualidade de vida da população?

Amauri Oliveira: As ferrovias metropolitanas são fundamentais para a melhoria da mobilidade urbana. Quando minha família se mudou para Franco da Rocha, percebi que o crescimento das cidades da região metropolitana de São Paulo estava intimamente ligado à história da ferrovia. A má gestão e o abandono das ferrovias impactaram diretamente a qualidade de vida nas cidades, aumentando a criminalidade, a miséria e a marginalização das populações. A preservação e revitalização do transporte ferroviário são cruciais para a redução de acidentes e para a melhoria das condições de vida das pessoas.

3. Na sua opinião, quais são os maiores desafios para a preservação dos trens metropolitanos no Brasil?

Amauri Oliveira: O maior desafio é evitar o retrocesso para o cenário de abandono que vimos no passado. A falta de investimentos, tanto no setor público quanto no privado, compromete a qualidade do serviço. O grande obstáculo é também o modelo de concessões, que muitas vezes prioriza o lucro e não a melhoria contínua da infraestrutura e dos serviços oferecidos à população.

4. Quais iniciativas você considera mais eficazes para proteger e revitalizar os trens metropolitanos existentes?

Amauri Oliveira: Algumas medidas fundamentais seriam a criação de bons contratos de concessão, a criação de uma agência reguladora eficiente e a fiscalização constante. Além disso, acredito que a proibição da baixa patrimonial de material rodante com menos de 40 anos e a preservação de unidades históricas para fins de exposições são essenciais. A ideia de um Museu do Transporte Metro-Ferroviário, com um acervo de trens históricos e modernos, seria um excelente ponto de partida para envolver a sociedade nessa causa.

5. Em sua experiência, quais são os impactos ambientais positivos da preservação das ferrovias e trens metropolitanos?

Amauri Oliveira: A preservação das ferrovias traz benefícios ambientais significativos, especialmente na redução do uso de transporte individual, o que resulta na diminuição de congestionamentos, da poluição e do consumo de combustíveis fósseis. Além disso, o uso do trem é muito mais eficiente em termos de energia e emissões de carbono, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades.

6. Como você acredita que a sociedade pode se envolver mais ativamente na preservação e valorização das ferrovias urbanas?

Amauri Oliveira: A sociedade pode se envolver ao exigir mais investimentos em transporte ferroviário, através de manifestações e pressionando os governos locais a priorizarem o transporte público. Além disso, é importante que as pessoas mudem a mentalidade, reconhecendo que o trem não é apenas um meio de transporte de pessoas de classes mais baixas, mas uma solução eficiente e sustentável para todos.

7. O que você pensa sobre a reativação de ferrovias desativadas e seu impacto nas cidades? Existe alguma que você considere um exemplo de sucesso?

Amauri Oliveira: A reativação de ferrovias desativadas tem um impacto muito positivo nas cidades, especialmente na redução do tráfego nas rodovias e no alívio do congestionamento urbano. Um bom exemplo de sucesso é a reativação da estação Varginha na linha 09 Esmeralda, que vai beneficiar a Zona Sul de São Paulo, mas ainda precisa melhorar em conectividade, como o projeto de implantação de um terminal de ônibus e estacionamento para usuários.

8. Além dos trens metropolitanos, que outras áreas das ferrovias brasileiras precisam de mais atenção em termos de preservação e modernização?

Amauri Oliveira: O setor de preservação ferroviária como um todo precisa de mais atenção. Organizações como a ABPF Campinas têm feito um trabalho excelente na preservação do material rodante histórico, mas o setor precisa de mais investimento na manutenção da infraestrutura, especialmente na malha ferroviária que ainda é vital para o transporte de cargas. O setor de transporte de cargas também precisa de modernização para ser mais sustentável e eficiente.

9. Quais são as tecnologias ou inovações mais promissoras para garantir a sustentabilidade das ferrovias no futuro próximo?

Amauri Oliveira: Algumas das inovações mais promissoras incluem sistemas de controle de sinalização de vias baseados em GPS e novas máquinas de manutenção de vias controladas por Inteligência Artificial (IA). Além disso, o uso de robôs escavadores de túneis, também controlados por IA, promete revolucionar a construção de túneis em lugares onde não se pode usar tuneladoras. A IA também será fundamental para otimizar o tráfego das composições, controlando as operações das ferrovias globalmente.

10. Amauri, qual mensagem você gostaria de deixar para aqueles que ainda não entendem a importância da preservação das ferrovias metropolitanas?

Amauri Oliveira: A mensagem que gostaria de deixar é que a preservação das ferrovias metropolitanas é uma questão de desenvolvimento sustentável e de justiça social. Precisamos mudar a mentalidade de que andar de trem é coisa de pessoas pobres. O transporte ferroviário pode beneficiar todos, independentemente de classe social, se for tratado com o devido respeito e investimento. As ferrovias são fundamentais para a mobilidade urbana e para o futuro das nossas cidades.

11. O que você espera para o futuro das ferrovias no Brasil? Existe alguma ação ou projeto que lhe inspire otimismo?

Amauri Oliveira: A minha esperança chama-se FERROFRENTE, sob o comando do excelentíssimo senhor José Manoel Ferreira Gonçalves, apoiado pelos senhores Jean Carlos Pejo, representante da ALAF, e o senhor Luiz Guilherme Kolle, representante da AEMESP. Formam um time de especialistas de excelência no setor ferroviário brasileiro, que, por meio de um diálogo com os grandes players do setor ferroviário, podem trazer para os brasileiros conquistas que, há muito tempo, se haviam perdido as esperanças.

12. Por fim, qual é o seu maior sonho quando se trata da preservação ferroviária e do transporte público no Brasil?

Amauri Oliveira: Meu maior sonho é ver as ferrovias sendo reconhecidas como parte fundamental da infraestrutura nacional, com investimentos contínuos na modernização e preservação do setor. O Brasil precisa ter uma malha ferroviária eficiente, que ligue as grandes cidades e que ofereça alternativas sustentáveis e acessíveis para todos. Esse é o futuro que eu imagino para o transporte público no Brasil.

A entrevista com Amauri Oliveira da Rocha nos revela não apenas sua paixão pela preservação ferroviária, mas também sua visão detalhada e bem fundamentada sobre os desafios e soluções para melhorar o transporte ferroviário no Brasil. Seu compromisso com a causa é evidente, e suas ideias mostram um caminho claro para a transformação do setor.

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