VIA TOLEBUS, 25 de fevereiro de 2025 – Em janeiro, o primeiro trem da Linha 17-Ouro percorreu um quilômetro em trechos da futura linha, que conectará o Aeroporto de Congonhas às estações Washington Luís e Morumbi. Durante esse deslocamento, a composição foi impulsionada por baterias, aproveitando sua tecnologia que permite uma autonomia de até 8 km, distância equivalente à extensão total do eixo de transporte.
A recente instalação dos trilhos de alimentação dos trens na Linha 17-Ouro do monotrilho de São Paulo, noticiada em fevereiro de 2025, é apresentada como um avanço significativo para a conclusão deste projeto. No entanto, uma análise mais aprofundada revela que essa celebração pode ser prematura, considerando o histórico de atrasos, problemas contratuais e a persistente falta de transparência por parte do governo estadual.
Iniciada em 2010, a Linha 17-Ouro deveria ter sido entregue em 2014. Passados mais de dez anos, o projeto permanece inacabado, com custos que já ultrapassam R$ 5 bilhões, quase o dobro do orçamento inicial de R$ 2,64 bilhões. Além disso, o traçado original foi reduzido de 17,7 km para apenas 7,7 km, limitando significativamente o alcance e a eficácia da linha.
A Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (FerroFrente) tem sido uma voz ativa na cobrança de responsabilidade e transparência nesse processo. Desde 2016, a entidade move uma ação judicial (processo nº 1036390-31.2016.8.26.0053) contra o Governo do Estado, questionando os sucessivos atrasos e a má gestão dos recursos públicos destinados à obra. Em 2022, a Justiça determinou a realização de perícia para apurar os prejuízos aos cofres públicos decorrentes das paralisações e mudanças no projeto.
Apesar dessas iniciativas, o governo mantém silêncio sobre os reais motivos dos atrasos e as medidas concretas para responsabilizar os envolvidos. A recente instalação dos trilhos, embora seja um passo necessário, não compensa a década de promessas não cumpridas e a falta de transparência que marcaram o projeto.
A sociedade paulista merece mais do que anúncios pontuais de progresso; exige-se uma prestação de contas completa sobre os recursos investidos, os motivos das sucessivas falhas e um cronograma realista para a conclusão da Linha 17-Ouro. Sem isso, qualquer avanço aparente continuará sendo ofuscado pela desconfiança e pela sensação de descaso com o interesse público.