Por José Manoel Ferreira Gonçalves
A Presença Maciça da Indústria Petroleira
Há duas décadas, uma força oculta molda as decisões climáticas globais: a influência da indústria dos combustíveis fósseis nas Conferências das Partes (COPs) da ONU. Recentemente, a coalizão Kick Big Polluters Out (KBPO) revelou dados alarmantes: mais de 7.200 lobistas ligados a gigantes petrolíferas infiltraram-se nas negociações climáticas, expondo um jogo de interesses conflitantes.
COP28: Uma Ironia Petrolífera
A próxima COP28, sediada nos Emirados Árabes Unidos, um país rico em petróleo, ilustra claramente essa ironia. Sultan Al-Jaber, CEO da Companhia Nacional de Petróleo Abu Dhabi, presidirá o evento, um paralelo preocupante citado por Ilan Zugman, da 350.org, comparando a situação a uma conferência de saúde pulmonar liderada pelo presidente de uma indústria de cigarros.
A História Conta: Duas Décadas de Influência
Desde a COP9 em Milão (2003), a presença da indústria de combustíveis fósseis tem sido constante e crescente. Empresas como ExxonMobil, Chevron, Shell, BP e Total Energia obtiveram centenas de passes de acesso. Esta participação é vista por muitos, incluindo Pablo Fajardo, da União das Comunidades Afetadas da Texaco/Chevron no Equador, como uma captura das políticas climáticas globais por essas corporações.
Dominância do Norte Global e o Lobby Oculto
Além disso, a análise da KBPO destacou a predominância de grupos comerciais do Norte global nas negociações, reforçando a noção de uma dominação desigual nas decisões climáticas. A complexidade das listas de presença da UNFCCC e a falta de transparência nas afiliações até recentemente só obscurecem a verdadeira extensão dessa influência.
A Estratégia dos Lobistas
Lobistas da indústria fóssil frequentemente mascaram sua participação em COPs através de delegações não diretamente associadas ao setor. Exemplos notáveis incluem a presença do CEO da Total Energia através de uma ONG alemã na COP27 e a participação do CEO da BP na delegação da Mauritânia.
Rumo a um Futuro Sustentável
Para promover uma transição energética justa e eficaz, Zugman enfatiza a necessidade de empoderar as comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas e reduzir o espaço para lobistas cujos interesses atrasam esse processo vital.
Em resumo, a presença maciça e muitas vezes oculta dos lobistas de combustíveis fósseis nas COPs levanta questões críticas sobre a integridade e eficácia das políticas climáticas globais. A transparência e o equilíbrio de interesses são essenciais para garantir um futuro sustentável e justo.
Por José Manoel Ferreira Gonçalves
As informações deste artigo foram baseadas em dados fornecidos pela coalizão Kick Big Polluters Out (KBPO) e declarações de especialistas no setor.
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