A Ferrofrente – Frente Nacional pela Volta das Ferrovias manifesta profunda preocupação com o grave acidente ocorrido na Estação Campo Limpo, da Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo, que resultou na morte de Lourivaldo Ferreira Nepomuceno. A tragédia, ocorrida em abril de 2025, poderia ter sido evitada, como demonstram documentos obtidos com exclusividade pelo telejornal SP2 da TV Globo.
Desde 2021, a ViaMobilidade, concessionária da linha, alertava formalmente o Metrô sobre o risco de acidentes nas portas de plataforma – risco que se confirmou em pelo menos quatro incidentes anteriores à morte do passageiro. Em 2023, a empresa chegou a desenvolver uma solução: uma barra de borracha flexível que impede o fechamento das portas caso haja obstrução, tecnologia simples, eficaz e já testada na Estação Capão Redondo. Mesmo com apelos da concessionária e da Secretaria de Parcerias e Investimentos, o Metrô não autorizou a adoção imediata da medida, optando por seguir um processo burocrático com a fornecedora original.
O que se viu foi a morosidade institucional custar uma vida. O prazo inicialmente estabelecido pelo Metrô para a solução – junho de 2025 – já foi adiado para outubro. A instalação das barras que poderiam ter salvado Lourivaldo foi rejeitada, apesar de ter sido oferecida gratuitamente e com promessa de implantação em toda a linha em seis meses.
Este caso expõe de forma contundente a fragilidade dos contratos de concessão ferroviária e a falta de prioridade à segurança dos usuários. Em vez de conceder autonomia operacional para a concessionária corrigir falhas graves, optou-se por uma cadeia de decisões ineficiente e desumana.
A Ferrofrente defende a urgente reavaliação da estrutura de concessões ferroviárias e metroviárias, com foco na proteção da vida, no fortalecimento da fiscalização pública e no incentivo à inovação tecnológica. O transporte sobre trilhos, que tanto defendemos, deve ser, acima de tudo, sinônimo de segurança e responsabilidade social.
